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Camilo Alves: por que treinar subidas mesmo para provas planas?

Por:Camilo Alves

Atualizado em 1 de maio de 2025

Camilo Alves: por que treinar subidas mesmo para provas planas?

Foto: O2Corre

O treinamento de corrida é norteado por princípios básicos que vão determinar tudo o que deve ser trabalhado dentro de uma programação de treinos, a fim de que o atleta chegue em sua melhor forma em seu objetivo. Dentre esses princípios, existe o da especificidade, o qual consiste em direcionar os treinos de acordo com as características e capacidades inerentes da modalidade de cada atleta. Por exemplo: é de se imaginar que um jogador de futebol não vá melhorar muito seu chute ao treinar natação, assim como é estranho pensar que um corredor de provas de 100m faça volumes de 20km para melhorar sua velocidade.   A mesma premissa se aplicaria para a corrida: não haveria necessidade de se fazer treinos de subida para provas com percurso plano, uma vez que esse trabalho não seria específico para o evento. Porém, diversos treinadores planejam subidas ao longo do treinamento dos seus atletas. No próprio Quênia as subidas estão presentes quase em todo o ciclo de treinamento, mesmo com o conhecimento de que as principais provas do calendário são planas.  O princípio da especificidade deve ser considerado e realmente tem grande importância - é lógico imaginar que um corredor bem treinado deve ganhar uma prova de rua de um atleta que pratique tênis de mesa por exemplo, já que são modalidades muito diversas com características de treino muito diferentes. Porém, quando olhamos os ganhos fisiológicos do treinamento, nem sempre a mesma regra da especificidade pode ser aplicada. Em um nível mais amplo, é muito comum que atletas profissionais de ciclismo de estrada façam parte do treinamento com mountain bike para adquirir força ou técnica que essa outra modalidade pode oferecer. Neste sentido, o próprio treinamento de força pode favorecer a melhora da performance e economia de corrida mesmo com exercícios que não necessariamente reproduzem o gesto da corrida (Blagrove et al, 2018).   Nessa mesma linha, os treinos de subida podem ter funções que não somente estão ligadas a desempenhar melhor a capacidade de “subir”. No estudo de Ferley e colaboradores em 2013, foi visto que os treinos de subida em alta intensidade podem trazer ganhos de condicionamento similares ao treinamento intervalado no plano. Cria-se, então, mais uma estratégia para ganho de condicionamento além dos tradicionais intervalados.  Os treinos de alta intensidade em aclives também exigem um alto componente de força, o que, por sua vez, exigirá da musculatura a ativação de fibras tipo II - ou seja, fibras rápidas - o que trará a longo prazo um ganho de velocidade. Além disso, as subidas são uma ferramenta interessante quando pensamos em economia de corrida, uma vez que também ajudam a fortalecer a musculatura específica da corrida (Daniels et al, 2009).   Se a prova escolhida for uma prova de montanha ou uma prova de rua com muitos aclives, como por exemplo as Maratonas de Boston e Nova York, ter subidas na programação é imprescindível, já que é necessário direcionar o treinamento de maneira específica de acordo com as demandas e necessidades do atleta. Porém, os treinos de subida também podem ser usados para corredores de uma maneira geral, como variação de treino, fortalecimento muscular e economia de corrida. 

 Referências

  1. Blagrove RC, Howatson G, Hayes PR. Effects of Strength Training on the Physiological Determinants of Middle- and Long-Distance Running Performance: A Systematic Review. Sports Med. 2018 May;48(5):1117-1149. doi: 10.1007/s40279-017-0835-7. PMID: 29249083; PMCID: PMC5889786; 
  2. DANIELS, Jack. Fórmula de corrida de Daniels. Artmed Editora, 2009. 

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