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Do consultório à pista: o que aprendi sobre as lesões dos corredores

Por:Ana Paula Simões

Atualizado em 5 de novembro de 2025

Do consultório à pista: o que aprendi sobre as lesões dos corredores

Foto: O2Corre

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A corrida é simples, mas o corpo do corredor, não.

O gesto repetitivo, o impacto acumulado, a emoção que acelera o passo e o desejo de ir além… Tudo isso pode ser libertador, mas também pode ser o início de uma jornada de dor, frustração e dúvida, quando não acompanhada por um especialista em esporte.

Se você já se lesionou correndo, sabe que a dor física é só uma parte do problema.

A outra parte é o silêncio que antecede as perguntas: “Volto a treinar?”, “Espero mais uma semana?”, “Faço gelo, troco o tênis, mudo o treino, corro com dor ou paro de vez?”, “E a minha prova?”.

Como ortopedista, médica do esporte e corredora amadora, venho com a missão de unir a ciência à prática real da corrida e criar um espaço de informação clara, com profundidade técnica e empatia por quem sente a lesão na pele.

Lesões na corrida

De acordo com uma das maiores revisões sistemáticas publicadas até hoje sobre lesões em corredores — van Gent et al., British Journal of Sports Medicine, 2007 ; a taxa de lesões entre corredores recreacionais varia entre 19,4% e 79,3% por ano. Ou seja, a maioria dos corredores vai se lesionar em algum momento.

E, na minha prática clínica e cirúrgica, os quadros mais frequentes seguem exatamente o que a literatura aponta:

🔸 Síndrome da dor patelofemoral (joelho do corredor) – responsável por até 40% das lesões em praticantes de corrida, costuma aparecer com dor na frente do joelho, principalmente em descidas, escadas ou após tempo prolongado sentado.

🔸 Fasciopatia plantar – a famosa “fasceíte”, que hoje sabemos que nem sempre é inflamatória. Causa dor na base do calcanhar, logo ao levantar da cama, e pode persistir por meses se não for tratada com abordagem de carga adequada.

🔸 Síndrome da banda iliotibial – dor lateral no joelho, especialmente após quilometragens maiores, típica em corredores que aumentam volume rápido ou têm fraqueza glútea associada.

🔸 Tendinopatia do calcâneo (tendão de Aquiles) – muito comum em homens acima dos 35, com dor e rigidez matinal, mais comum após treinos de tiro ou rampas.

🔸 Fraturas por estresse – embora menos frequentes, são perigosas por sua gravidade. Afetam principalmente mulheres, corredores de longa distância, e podem ocorrer no metatarso, tíbia ou pelve. O diagnóstico precoce é fundamental.

Além das apontadas, outras que vemos cada vez mais são as lesões nos fibulares, canelite (síndrome do estresse medial da tíbia), e lesões de cartilagem do tornozelo – especialmente em quem corre na trilha, ou com histórico de entorses.

Cuidar das lesões é cuidar da própria corrida. Reconhecer os limites, buscar orientação e entender a causa da dor são pilares de um atleta consciente.

Referências

  • van Gent, R. N., Siem, D., van Middelkoop, M., van Os, A. G., Bierma-Zeinstra, S. M., & Koes, B. W. (2007). Incidence and determinants of lower extremity running injuries in long distance runners: a systematic review. Br J Sports Med, 41(8), 469–480. https://bjsm.bmj.com/content/41/8/469
  • Lopes, A. D., Hespanhol Junior, L. C., Yeung, S. S., & Costa, L. O. P. (2012). What are the main running-related musculoskeletal injuries? A systematic review. Sports Med, 42(10), 891–905.
  • Roper, J. L., et al. (2021). Achilles tendinopathy: clinical review and proposed algorithm for diagnosis and treatment. BMJ Open Sport & Exercise Medicine, 7(1), e000914.

 

Crédito da imagem: Freepik

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