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Atualizado em 8 de novembro de 2025

Foto: O2Corre
Neste Artigo
A corrida é um movimento aparentemente simples e natural — afinal, corremos desde a infância. Mas a prática esportiva regular, com maior volume e intensidade, exige eficiência biomecânica para ser segura. E é justamente aí que muitos corredores acabam se lesionando: por padrões de movimento inadequados, muitas vezes sutis, mas repetidos milhares de vezes.
Neste artigo, vamos explorar os principais erros biomecânicos que contribuem para lesões em corredores, como reconhecê-los e o que pode ser feito para corrigi-los.
Biomecânica é o estudo dos movimentos corporais e das forças envolvidas neles. No caso da corrida, avalia-se como o corpo se movimenta durante o ciclo da passada — desde o contato do pé com o solo até o impulso final.
A técnica de corrida inadequada, associada a fatores como fraqueza muscular, encurtamentos e desequilíbrios, pode sobrecarregar articulações, músculos e tendões, favorecendo lesões por uso excessivo (overuse), como canelite, fascite plantar, tendinites e síndrome patelofemoral [1].
Ocorre quando o pé aterrissa muito à frente do centro de gravidade, geralmente com o calcanhar. Esse padrão aumenta o impacto na articulação do joelho e da tíbia.
Consequências: maior risco de lesões como síndrome do estresse tibial medial e dor patelofemoral [2].
Correção: reduzir a extensão da passada e aumentar a cadência (passos por minuto) para trazer o pé para mais perto do corpo no momento do contato.
Ocorre quando o quadril do lado oposto à perna de apoio “despenca” durante a fase de apoio.
Consequências: sobrecarga no glúteo médio, dor na face lateral do quadril e até síndrome da banda iliotibial [3].
Correção: fortalecimento de glúteo médio, core e treino de controle postural.
Embora a pronação seja natural, quando ocorre em excesso pode gerar rotação interna do joelho e sobrecarga em tendões e fáscia plantar.
Consequências: fascite plantar, canelite, tendinite do tibial posterior.
Correção: pode envolver uso de tênis de estabilidade, palmilhas personalizadas e fortalecimento da musculatura do pé e tornozelo.
Inclinar excessivamente o tronco para frente altera o centro de gravidade e aumenta a carga sobre as articulações do quadril e lombar.
Consequências: lombalgia, dores no quadril, alterações na mecânica de pisada.
Correção: treinar consciência corporal, fortalecimento de core e exercícios de técnica de corrida.
Ao correr, os braços devem acompanhar o movimento para frente e para trás. Cruzá-los à frente do tronco cria rotação desnecessária do tronco.
Consequências: desequilíbrio na postura, tensão cervical e desperdício de energia.
Correção: exercícios de coordenação e técnica com foco na movimentação dos braços.
Muitos desses erros são sutis e passam despercebidos, mesmo para corredores experientes. Uma avaliação biomecânica da corrida — feita com análise de vídeo por fisioterapeutas ou médicos do esporte — pode identificar desvios, assimetrias e padrões compensatórios.
Essa análise é especialmente útil para quem:
Essa é uma pergunta importante. Muitas vezes, a biomecânica alterada surge como compensação de uma dor ou fraqueza pré-existente. Por isso, o tratamento deve ir além da correção técnica — é preciso abordar a causa primária, com fortalecimento muscular, melhora da mobilidade e reeducação motora.
A biomecânica da corrida é um dos pilares para a longevidade esportiva. Pequenos erros técnicos, quando repetidos continuamente, podem causar lesões que afastam o corredor por semanas ou meses.
Felizmente, a biomecânica pode ser treinada, ajustada e evoluída com o acompanhamento adequado. Com fortalecimento muscular, atenção ao movimento e progressão consciente dos treinos, é possível correr com eficiência, economia de energia e menor risco de lesões.
Mais importante do que correr “bonito”, é correr bem adaptado ao seu corpo.
Imagem: Envato