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Treinamento e adaptações para provas em altitude: fisiologia, riscos e performance

Por:Gabriel Ganme

Atualizado em 14 de novembro de 2025

Treinamento e adaptações para provas em altitude: fisiologia, riscos e performance

Foto: O2Corre

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Treinar ou competir em regiões elevadas representa um desafio fisiológico significativo para o corpo. Na altitude, a pressão de oxigênio no ar é menor (apesar da mesma porcentagem de O₂), fazendo com que o organismo responda aumentando a frequência cardíaca e respiratória para captar mais desse gás vital, consequentemente elevando o gasto energético.

Os sintomas iniciais surgem principalmente nas primeiras 24 a 48 horas, incluindo dor de cabeça, tontura, distúrbios gastrointestinais e dificuldade para dormir. Essa adaptação leva à acidificação do sangue, e, com a permanência no local, os sintomas tendem a melhorar após 48 horas.

Equipes esportivas, como as de futebol, frequentemente chegam em cidades de altitude apenas pouco antes do jogo e partem rapidamente após a partida, exatamente para reduzir esse impacto inicial.

Riscos clínicos

A maioria das pessoas apresenta poucos sintomas abaixo de 2.000 metros. No entanto, entre 3.000 e 5.000 metros, cresce o risco do mal agudo da montanha (MAM). Acima de 5.000 metros, pode haver evolução para edema cerebral de alta altitude (HACE) ou edema pulmonar de alta altitude (HAPE) — condições potencialmente fatais.

Indivíduos com sintomas neurológicos (tontura intensa, marcha descoordenada, letargia) ou respiratórios (dispneia, respiração ruidosa, baixa saturação de oxigênio) devem ser imediatamente evacuados para altitudes menores.

Estratégias de prevenção

Para turistas, é recomendada a subida gradual e progressiva, com pernoite em altitudes intermediárias e retorno para dormir em locais mais baixos. Isso reduz o risco do MAM e de complicações graves.

No caso de atletas, adota-se a estratégia “treinar alto e dormir baixo”, já que o sono em grandes altitudes compromete a recuperação.

Com o passar dos dias, o corpo aumenta a produção de eritropoietina, estimulando a formação de glóbulos vermelhos, melhorando o transporte de oxigênio. Esse processo, no entanto, leva mais de uma semana. Após o retorno ao nível do mar, a adaptação se perde rapidamente.

Para quem vai competir em altitude, a aclimatação prévia é fundamental. Já os ganhos de performance para provas ao nível do mar ainda geram polêmica.

Evidências científicas e diretrizes

Segundo as Diretrizes da Wilderness Medical Society (2024):

A aclimatação gradual é a medida mais eficaz de prevenção. Recomenda-se que, acima de 3.000 m, a elevação da altitude de pernoite não ultrapasse 500 m por dia, com um dia de descanso a cada 3 a 4 dias.

A medicação preventiva pode ser indicada em perfis de risco moderado ou alto. O acetazolamida é a droga de primeira escolha (125 mg a cada 12h para adultos). A dexametasona pode ser usada como alternativa em situações específicas.

Evitar subidas rápidas sem aclimatação adequada é essencial, mesmo para atletas treinados.

Preaclimatação (exposição prévia a hipóxia simulada ou altitudes intermediárias) pode ser considerada, embora a eficácia varie.

HAPE: indivíduos suscetíveis podem usar nifedipina como profilaxia. Já o uso de ginkgo biloba, ibuprofeno ou tenda hipóxica não é recomendado como medida confiável de prevenção.

Considerações finais

A escolha de participar de provas em altitude exige planejamento cuidadoso:

Você terá tempo suficiente para aclimatar?

Seu estado de saúde permite exposição prolongada a altitudes elevadas?

O objetivo é diversão ou superação extrema?

Portadores de condições crônicas, mesmo controladas — como hipertensão e diabetes —, podem apresentar desregulações importantes em altitude e devem discutir previamente com seu médico os riscos individuais.

Referência principal:
Luks AM, Beidleman BA, Freer L, et al. Wilderness Medical Society Clinical Practice Guidelines for the Prevention, Diagnosis, and Treatment of Acute Altitude Illness: 2024 Update. Wilderness Environ Med. 2023; XXX:XXX–XXX. doi:10.1016/j.wem.2023.05.013

 

Imagem: Envato

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