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Por: Pedro Lopes
Publicado em 22 de dezembro de 2017

Foto: O2Corre
Ano após ano, a São Silvestre recebe 30 mil participantes e outros milhares de curiosos que se aglomeram pela Avenida Paulista, coração de São Paulo, para acompanhar a corrida de rua mais tradicional do País. Mas pouquíssimas pessoas falam com tanta propriedade sobre o evento que fecha o calendário esportivo do país quanto Marilson Gomes dos Santos. Na verdade, nenhum outro brasileiro viveu tantas glórias na principal avenida paulistana quanto este brasiliense.
Marilson é o único brasileiro a levantar o troféu da São Silvestre em três oportunidades: 2003, 2005 e 2010, último ano em que o caneco ficou com um atleta da casa. Embora o Brasil ainda seja o país mais vitorioso da história da prova, com 29 vencedores na categoria masculina, há seis anos quenianos e etíopes se revezam no lugar mais alto do pódio.
A trajetória de sucesso de Marilson pelos trechos mais imponentes de São Paulo não seria a mesma se não fosse a insistência de Adauto Domingues, treinador com quem começou a trabalhar ainda na adolescência. Adauto dizia ao pupilo que a São Silvestre ajudaria a ganhar rodagem e experiência. Aos 19 anos, o corredor atendeu ao pedido do técnico e, logo em sua estreia, terminou entre os cem mais rápidos.
“Quando cheguei a São Paulo e comecei a treinar com o Adauto, ele já falava da São Silvestre. Queria que eu conhecesse percurso e, mesmo sabendo que eu não tinha chance de ganhar, sabia que aquilo ajudaria na minha ascensão”, diz.
A ascensão foi coroada em 2003, quando Marilson precisou de 43 minutos e 50 segundos para terminar os 15 km de percurso à frente de todos os outros concorrentes. “Quando você vence pela primeira vez é muito bom. Aquele momento em que você está no final da Brigadeiro [Luís Antônio, avenida de São Paulo], com o público gritando, torcendo, é inesquecível.”
Dois anos depois, já consolidado no cenário do atletismo, venceu a São Silvestre novamente e igualou o número de conquistas de um brasileiro que admirava na infância: o pernambucano José João da Silva, campeão em 1980 e 1985.
“Até hoje tenho uma admiração muito grande pelo José João. Nós temos quase o mesmo perfil. Ele era muito resistente, não era tão rápido no final. O José João foi um espelho para muitos atletas, inclusive para mim. Quando levei o tricampeonato, ele estava comentando a prova em uma rádio e me parabenizou por ter superado a marca dele. Foi muito humilde, como sempre, e ficou feliz por mim”, lembra.
Torcer para outros corredores brasileiros é o que Marilson faz desde 2016, ano em que deixou de disputar competições profissionais. A pedido da O2, ele elaborou uma pequena lista de dicas para os profissionais e amadores que pretendem chegar a um bom resultado na São Silvestre.
“No final da subida na Brigadeiro, o público, gritando e te incentivando, transmite uma adrenalina inexplicável. As pessoas assistem à prova nos bares ali da região e, quando a prova vai afunilando, todo mundo vai para a avenida. Só que as pessoas não sabiam o meu nome. É um nome difícil de falar, e eu só era conhecido dentro do atletismo, não entre o público geral. As pessoas não gritavam o meu nome, gritavam ‘Brasil’. É diferente ser o cara que representa toda a nação. Você mentaliza uma série de coisas. Aquilo foi muito intenso e decisivo para a minha vitória. Se fosse em outro país e sem essa atmosfera, eu não teria tido energia para terminar como terminei. O Paul Tergat tinha mais de 1 minuto de vantagem para o meu melhor tempo.”