Pelo menos uma vez na vida você já deve ter se perguntado: “será que estou treinando o suficiente para alcançar meu objetivo?”. A resposta para essa pergunta muitas vezes pode não estar apenas na quantidade de quilômetros rodados em uma semana, mas também na qualidade dos treinos, que devem estar de acordo com as metas de cada um.
“A corrida é um esporte em que as individualidades de cada atleta devem ser respeitas. Mesmo que os objetivos sejam os mesmos, nem sempre o programa de treinamento de um atleta serve para o outro, pois cada corredor tem suas características. Por isso, as necessidades de volume e intensidade variam de acordo com a meta de cada um”, afirmou o treinador de corrida e personal trainer Bruno Lopes.
O início
Aqueles que estão iniciando na corrida devem primeiro fazer um trabalho com foco na rodagem (volume), para adaptar o corpo ao exercício, e só depois investirem na velocidade.
“Primeiro é preciso conhecer as características de cada individuo e trabalhar o volume. Muitos alunos quando começam não são capazes de correr nem 1 km direto. Por isso, o processo inicial é imprescindível. Eles primeiro devem priorizar a rodagem para depois se preocuparem com a intensidade”, orienta Valmir de Souza, diretor técnico da assessoria esportiva Bio Run.
Mais leve
Aqueles que têm como objetivo perder peso, além de ficarem atentos ao volume e à intensidade, devem também prestar atenção no batimento cardíaco, como explica Souza.
“Quem quer emagrecer tem que se manter durante um tempo em uma faixa de batimento cardíaco. Por isso, não pode treinar apenas pela percepção de esforço, pois com o tempo o sistema fisiológico se adapta e os batimentos cardíacos diminuem”, afirma o treinador da Bio Run.
“Após certo tempo, não vai adiantar nada uma pessoa que quer perder peso correr 30 minutos por dia na mesma velocidade, pois o corpo dele vai se adaptar a este esforço. Por isso, é preciso aumentar também a intensidade dos treinos”, completa Lopes.
Para ir mais rápido (ou mais longe)
Os atletas experientes e que querem melhorar seus tempos em uma distância que já se sentem confortáveis precisam investir na intensidade, com treinos intervalados, mas sem alterar muito o volume.
“Tem que ser algo muito bem trabalhado, priorizar os treinos de tiros mas sem mexer na rodagem. O que pode ser feito é subir um pouco a rodagem, de 10% a 20%, para ter uma sobra na hora da prova e chegar inteiro”, falou Valmir de Souza. “Se o atleta faz 10 km em 45 minutos, ele pode tentar correr 9 km a 4min45s cada e o último a 4min30s, e depois ir aumentando essa proporção progressivamente, até fazer os 10 km em 43 minutos”, completa o treinador.
Já os atletas que partirão para uma distância maior devem priorizar primeiro o volume, e só depois se preocuparem com a intensidade. “O atleta deve primeiro estabelecer o teto da quilometragem que vai atingir. É natural ele perder velocidade, mas primeiro deve correr pensando na distância ou na quantidade de horas que vai se manter praticando a atividade física, para só depois se preocupar com suas marcas”, orienta Souza, que também destaca a importância de treinos regenerativos para evitar lesões.
“Apesar de serem diferentes, as lesões existem nos dois tipos treinos. Em trabalhos de velocidade, o risco de estiramentos, contraturas musculares e entorses são maiores. Já nos treinamentos de rodagem são mais comuns problemas causados pela repetição de movimentos, como tendinites, inflamações e fraturas por estresse. Por isso, é sempre importante intercalar os dois tipos de treino com os regenerativos, mais leves, e também com os trabalhos compensatórios, como musculação, alongamento e pilates”.