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Sororidade na corrida. Ela existe mesmo?

Anita Moraes
Adicionada em 15 de março de 2019
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Quem pratica corrida de rua há algum tempo provavelmente acompanhou diversos movimentos e significados que a prática ganhou.

De um lado vemos movimentos populistas de praticantes ditos como “raiz” que estimulam a corrida apenas pelo seu sentido original de movimento, ação, esporte em si e seus benefícios intrínsecos.

Do outro lado, há os movimentos populistas instigados por grandes marcas do esporte, com o objetivo de criar grupos de corridas de rua, que estampam seus logos nas camisetas e fazem diversos eventos elitistas ou então para um grupo que “deu sorte” de se inscrever no site para garantir uma vaga no treino.

São movimentos com o propósito de formar novos grupos, fomentar a força da marca, criar novas referências neste meio e trazer um certo “estrelato” momentâneo nisso tudo.

Obviamente que todos os movimentos que incentivam a prática esportiva são excelentes e saudáveis, pois praticar esporte é positivo.

Mas temos observado, em conjunto, alguns movimentos não tão saudáveis que qualquer esporte pode criar, e aqui citaremos somente a corrida, sendo esta a minha realidade, que tem levado muitas pessoas a perderem o real brilho e propósito do esporte em suas vidas.

E por que este brilho e propósito tem minguado para algumas pessoas?

Traduzindo esta realidade ao universo feminino mais especificamente, é quando identificamos que o termo sororidade, hoje muito em alta, tem se tornado uma verdadeira “guerra” para este sexo.

Sororidade significa união e aliança entre mulheres, que por empatia e companherismo, busca-se alcançar objetivos comuns.

Ninguém aqui está dizendo que os propósitos individuais sobre corrida devam ser iguais.

 

 

 

 

Mas o mais interessante que este esporte pode nos oferecer, mesmo tendo na sua base a competição, pois não se faz esporte de um, é a capacidade de sermos empáticas e companheiras aos propósitos individuais de cada uma. E isso, acreditem, significa respeito e resiliência.

O movimento que mencionei logo aqui em cima, a respeito de como algumas ações de marketing de grandes empresas agiram sobre alguns grupos de “novas corredores”, trouxe um movimento através das redes sociais que vêm causando prejuízos emocionais a outros grupos de atletas.

Não poder vestir aquela marca, não participar de um treino daquela marca, não receber os inúmeros presentes que aquela marca manda a algumas pessoas, ou quaisquer outras coisas do gênero, tem gerado uma certa desmotivação individual e se tornou uma certa barreira pessoal a alcançar objetivos e metas.

Algumas destas ações tem dado um “tiro que saiu pela culatra”, onde criaram-se novos níveis de comparação e rivalidade entre mulheres da corrida: só quem leva mais está em alta e se eu não levo nada, sou rebaixada.

Esporte sempre foi meritocrático, vence aquele que se sai melhor. O esporte nunca trouxe em sua base a competição de quantos tênis ganhei dessa ou daquela marca, ou quantas viagens ganhei deste ou daquele grupo.

Nós mulheres, vamos parar um minuto para refletirmos o quanto temos praticado a sororidade em nossa prática esportiva.

O quanto estou contribuindo com ações reais, verdadeiras e sem interesses pessoais de auto-promoção para aquelas pessoas que buscam estas referências.

Quando admiramos algo ou alguém, tomamos este fato ou esta pessoa como um verdadeiro benchmark para nossos planos e metas individuais.

Temos este exemplo como referências e buscamos, dentro da nossa realidade atingir nossos objetivos com a força, determinação que muitas pessoas nos inspiram ou motivam.

Todos nós podemos ser referência a alguém, seja boa ou ruim, mas todos podemos ser.

E mais importante que tudo isso, podemos ser referência a nós mesmos, onde eu hoje busco evoluir comparando e olhando o meu histórico de crescimento, o quanto fui capaz de evoluir e me desenvolver, mesmo diante a tantos tropeços, mas sem perder o brilho e o propósito que eu trouxe ao esporte inicialmente em minha vida.

Em meio a tantas tragédias, a tantos movimentos não solidários em nossa sociedade atualmente, que tal olharmos um pouco para dentro de nós e, antes mesmo de exigirmos apenas igualdade entre os sexos, agirmos de forma igual, solidária, empática, companheira, humilde, honesta, justa e verdadeira entre nós mesmas do mesmo sexo.

Sugiro esta reflexão e que possamos nos tornar benchmarks a nós mesmos diariamente.

Que minhas ações sejam orgulho a mim mesma, no curto, médio e longo prazo, e que das minhas ações justas eu possa auxiliar mais uma grande mulher a conquistar seus objetivos mais ousados.

Anita Moraes

Anita Moraes

Mãe da Laura, corredora, engenheira, happiness e health coach e dona do perfil no Instagram @anita_pelomundo. Assim como tudo o que faz na vida, tem uma sede grande por autoconhecimento e busca utilizar de todas as experiências da vida (positivas e negativas) como grandes oportunidades para crescimento. Portanto, a corrida, que é sua paixão, não ficaria fora desse perfil. Correr para ela é pele, é sensação, é arrepio.

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