A corrida em favor da igualdade

Adicionada em 01 de março de 2016
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Levar o povo para correr já não é mais apenas uma forma de a sociedade lutar contra os males que afetam nossos corpos nos dias de hoje – a obesidade, o sedentarismo, a depressão.

Já há algum tempo grupos sociais os mais diversos vêm usando o esporte como forma de divulgar campanhas. As corridas se prestam especialmente para isso – há movimentos para divulgar a necessidade de combater o câncer de mama e o de próstata, ações pela inclusão social de deficientes e muitos outros projetos.

Eu mesmo, como você sabe, estou envolvido da ponta do tênis até o ponto mais alto de meu cocuruto no projeto CORRIDA POR MANOEL, uma homenagem jornalístico-esportiva ao operário Manoel File Filho, preso, torturado e assassinado pela ditadura militar há 40 anos (saiba mais em http://lucenacorredor.blogspot.com).

Outros corredores também vislumbram na corrida uma forma de divulgar seus projetos. Desde o ano passado um grupo de amigas trata de organizar a CORRIDA MOVIMENTO PELA MULHER, que trata de colocar em destaque o grave problema da violência contra a mulher.

O material de divulgação da prova conta mais detalhes: “A ideia é levar mulheres e homens a refletir e discutir temas como empoderamento, igualdade e justiça e conscientizar a sociedade e o poder público sobre o grave problema social que é a violência contra a mulher”.

A promotora de justiça Gabriela Manssur, que idealizou o projeto ao lado das atletas Deborah Aquino e Paula Narvaez, afirma: “A igualdade de gênero não é uma luta só das mulheres, mas também dos homens, que podem e devem abraçar a causa. Não dá para falar em sustentabilidade sem abordar temas como qualidade de vida, igualdade de gênero em todos os setores da sociedade e uma vida livre de qualquer tipo de violência para meninas e mulheres”.

Como se vê, não se trata de montar um Clube da Luluzinha, uma igrejinha feminista, mas sim de envolver a todos, “independentemente de gênero, idade, aptidão e nível esportivo”, nessa discussão.

O evento idealizado pela promotora de justiça Gabriela Manssur em parceria com as atletas Deborah Aquino (Debs) e Paula Narvaez (Corre Paula) também arrecada fundos para ONGs e associações que dedicam suas atividades para o fim da violência contra a mulher e empoderamento feminino, como Instituo Maria da Penha, Associação Artemis, Projeto Vida Corrida, Geledés – Instituto da Mulher Negra e União de Mulheres de São Paulo.

A prova será realizada no próximo dia 20 de março, no Ibirapuera, e oferece várias distâncias. Para saber mais, consulte o site da prova, www.movimentopelamulher.com.br.

As organizadoras me convidaram para participar da prova, o que me deu muita satisfação. Não poderei ir, porém, porque no mesmo dia – o domingo, 20 de março – estarei trabalhando na organização da Jornada por Vladimir Herzog, parte do meu projeto Corrida por Manoel.
Em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, vamos organizar um treino aberto lembrando a trajetória do jornalista assassinado em 25 de outubro de 1975 em uma cela do DOI-Codi de São Paulo.

A largada será às 8h na Oscar Freire entre as ruas Galeno de Almeida e Cardeal Arcoverde, em frente à casa onde a família morava em 1976. Vamos até a praça Vladimir Herzog, atrás da Câmara Municipal, passando por locais emblemáticos para a luta pela democracia no Brasil, como a rua Maria Antônia.

Rodolfo Lucena

Rodolfo Lucena

59, é jornalista, gaúcho, gremista, cachorreiro, escritor e ultramaratonista – já fez mais de 30 provas longas em cinco continentes. Autor de “Maratonando” e de “+Corrida”, atuou na Folha de S. Paulo por mais de 25 anos, faz o Blog do Lucena (lucenacorredor.blogspot.com) e o Maratonando com o MST (mstmaratonando.wordpress.com).

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