Quanto de proteína precisa um corredor?

Adicionada em 03 de agosto de 2023

Um estudo do cientista Daniel Moore, da Universidade de Toronto (CAN), em parceria com a Ajinomoto, do Japão, oferece contribuições para um entendimento mais adequado acerca da quantidade de proteína que um corredor de longas distâncias deve consumir. A utilização de uma nova técnica, chamada “indicador de oxidação de aminoácidos” – que é capaz de mensurar quantidades de proteínas usadas – alicerça o estudo. Os aminoácidos são “etiquetados” com um isótopo de carbono que os marca em seu percurso pelo corpo.

As “cobaias” do estudo foram seis corredores que percorreram distâncias semanais situadas entre 30 e 80 milhas (48,2 e 128,7 km). Num período de três dias, eles se submeteram a uma dieta-padrão e correram 10 km no primeiro dia, 5 km no segundo e um contrarrelógio de 20 km no terceiro dia.

Após a prova desse dia derradeiro, eles ingeriram uma quantidade aleatoriamente atribuída de proteínas (cada corredor repetiu o protocolo inteiro) por sete vezes, com um tracejador de aminoácidos. Analisando-se o padrão do aminoácido marcado ao longo dos experimentos, os pesquisadores puderam concluir quais doses de proteína foram suficientes para suprir as necessidades corporais.

Os resultados apontam que a quantidade necessária era 1,65 grama de proteína por quilo de peso para oferecer a quantidade de aminoácidos capaz de reparar músculos e proporcionar a síntese de tecidos musculares. A porção recomendada, com base nesse trabalho, seria de 1,8 grama por quilo ao dia. É mais do que a quantidade recomendada em dietas para não-atletas, de 0,8 g/quilo/dia.

Por que atletas que necessitam de resistência precisam de mais proteína? Uma possibilidade é que eles estão realizando queimas durante a corrida: estudos prévios sugerem que cerca de 5% da energia queimada durante o exercício provém da oxidação da proteína, e que esse percentual pode dobrar se os seus músculos estiverem com déficit de glicogênio (o que ocorreu ao final desse contrarrelógio de 20 km). Isso corresponderia a uma necessidade adicional de 0,2g/quilo/dia segundo o estudo.

A proteína é necessária para reparar e remodelar tecidos – não apenas os dos músculos diretamente envolvidos no esforço de correr, mas também outras regiões do corpo que “sofrem”, como os intestinos. Por falar nisso, atividades de alto impacto como a corrida criam necessidade de ingestão de proteínas superior em comparação com atividades de baixo impacto, como ciclismo (em terrenos uniformes) ou natação. Fique atento!