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Atestado médico e exames são coisas totalmente diferentes

Harry Thomas Jr
Adicionada em 08 de outubro de 2019
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A corrida é um esporte seguro estatisticamente falando, mas às vezes acontecem problemas. Também, estatisticamente, é mais provável haver um acidente simplesmente andando na rua do que praticando corrida, mas acidentes acontecem e às vezes são fatais.

Foi o que aconteceu neste último final de semana na Maratona Sesc de Foz do Iguaçu, em que o experiente corredor Wilton Brancacerense, de 60 anos de idade, veio a óbito após um mal súbito logo no início da prova.

A triste ironia é que essa competição exigia que todos os seus participantes apresentassem o atestado médico – o que é louvável solicitar em provas de longa distância – com o tal veredito ‘apto a praticar atividades físicas’. E enfatizo: é melhor um exame clínico do que nada.

Mas os exames clínicos que são a base dos atestados médicos, geralmente, são feitos sem um maior aprofundamento técnico. E por melhor formação que um médico tenha, ou experiência em clinicar, auscultar o coração e interpretar variações de pressão arterial, dados cujo esses atestados minimamente por lei se baseiam, não conseguem detectar doenças pré-existentes como algumas cardiopatias ou vasculares.

É preciso ficar claro: certas anomalias só serão detectadas através de exames cardiológicos mais aprofundados, como os de imagem e bioquímicos.

O ideal é que o atestado médico seja embasado nestes exames, mas a brecha na legislação permite sua emissão sem. Por isso, fique atento.

É utopia exigir que o SUS forneça esse tipo de exames para um corredor enquanto há fila de espera com casos entre a vida e a morte. E a situação do país ainda em recessão e com desemprego alto, em que grande parte da população não tem a cobertura de um plano de saúde, também atrapalha.

Mas há, sim, esperanças. Ao menos nos grandes e médios centros em departamentos médicos ligados à pesquisa sobre atividades físicas, em grandes hospitais públicos especializados em cardiologia e universidades.  Periodicamente essas instituições buscam voluntários para seus programas de pesquisa.

Enfim, uma vez por ano é o mínimo que devemos correr atrás da saúde em forma de exames.

Harry Thomas Jr

Harry Thomas Jr

Jornalista especializado em corridas de rua desde 1999, Harry competiu pela primeira vez em 1994 e desde então já completou 31 maratonas – sendo três sub 3 horas: São Paulo (2h59min30), Nova York (2h58min20) e Blumenau (2h58min10). Também concluiu seis Ultratrails: 60K Ultratrail Putaendo, 67K Ultratrail Torres del Paine, 50K Indomit Costa Esmeralda e os 50K Ultra Fiord por três vezes. Já correu em países como Argentina, Chile, Estados Unidos, Grécia e Japão.

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